Só não muda de idéias
quem não as tem.

sábado, 31 de julho de 2010

Pausa para a vida

(Postagem original de 23 de março de 2010.)

Após uns bons meses sem dar as caras por aqui, resolvi voltar. Desde o ano passado ando tentando caçar meu rumo. Passaram-se muitos meses, muitos apertos e apuros.
 2009 foi um ano de estudos que resultaram em  um sonho que não aconteceu. Um ano de muito aprendizado, com direito, inclusive, a umas boas surras de realidade. Descobri que existem certezas na vida: a morte e os impostos, embora a parte que tenha me tocado de fato tenha sido a pior delas.
Passei o ano passado em jornada dupla, dividindo o tempo entre a escola e os estudos do cursinho onde eu tentava aprender uma porção de coisas que nunca tinha visto e que nem imaginava que existissem em meus honrados onze anos de escola pública. Durmi em cima de livros, deixei de me divertir, passei menos tempo com as pessoas que eu amava. Passei para  as segundas fases, fiz as provas. Não passei na universidade que desejava. Fracassei, chorei. Passei em uma delas, mas não no curso que eu ambicionava. Quis estudar de novo, dar mais uma chance a mim mesma, mas como já disse meu amigo Renato Russo "a primeira vez é sempre a última chance". Apareceu uma segunda chance. Não a que eu sonhava, nem mesmo a melhor delas. Por livre e espontânea pressão, eu fui. Com o coração apertado, com um nó na garganta que não saiu até agora e com uma vontade tremenda de provar para mim mesma que eu conseguiria o que queria, entrei na universidade que era o sonho de muitos, mas não o meu. 
Estou lá, aprendendo. Aprendendo principalmente a enxergar o lugar onde estou com bons olhos.
Em meio a tudo isso, em primazia eu diria, a saudade. Cheiro de pão de queijo, cabelos grisalhos, bolo de cenoura, novela das seis, roupa lavada, almoço de domingo. Não há nada que não me faça lembrar dela. Tenho chorado muito, não nego. Sinto uma pontada no peito toda vez que me lembro de que não terei mais aquele abraço, aquele sorriso, aquela tiração de sarro que eu tanto gostava. Sinto falta dos puxões de orelha, do colo que me aconchegava no sofá sempre que eu chegava da rua cansada, da companhia na hora de ir durmir. Sei que mais ninguém nessa vida me defenderá com unhas e dentes de leoa como ela sempre fez. Também sei que não haverá mais intervenções nas minhas brigas de sempre com a mamãe e que, por isso, encontro-me bem ferrada da próxima vez que discutirmos. É muito difícil não ter mais a quem recorrer quando se está sozinho. Ainda parece que a qualquer momento ela entrará pela porta me chamando de Jéssica com um saquinho de chocolates na mão. 
Dói, é só isso o que posso dizer. 
É como se tivessem arrancado de mim o meu tesouro mais precioso sem ao menos deixar que eu me despedisse dele.

Por último, justifico o recesso:
Muita informação traz certos devaneios e atrofia um pouco do autor. Tive pudor de escrever, não nego. Porque quem escreve se expõe.  E quem se expõe é julgado. Se escrever é mergulhar de cara no papel, tenho tido medo de me afogar.


"Aonde você estiver, um beijo"

Um comentário:

Michelle M. disse...

Sinto sua falta, minha amiga. :)